Carlos Reis é professor catedrático jubilado da Universidade de Coimbra. Ensinou em diversas universidades estrangeiras, nomeadamente em Salamanca, Wisconsin-Madison, Santiago de Compostela, Massachusetts-Dartmouth, Pontifícia Univ. Católica do Rio Grande do Sul, Univ. do Estado Rio de Janeiro e Univ. da Califórnia-Berkeley.
Dirigiu a História Crítica da Literatura Portuguesa (nove vols.). É diretor da revista Queirosiana e da Revista de Estudos Literários. Publicou mais de 20 livros, em Portugal, Espanha, Alemanha, França e Brasil; o mais recente desses livros é o Dicionário de Estudos Narrativos (Coimbra: Almedina, 2018).
Foi diretor da Biblioteca Nacional, presidente da Associação Internacional de Lusitanistas, reitor da Universidade Aberta e presidente da European Association of Distance Teaching Universities. É membro da Real Academia Española e da Academia das Ciências de Lisboa. Foi galardoado com os prémios Jacinto do Prado Coelho (1996), Eduardo Lourenço (2019) e Vergílio Ferreira (2020). Coordena a Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós e o Dicionário de Personagens da Ficção Portuguesa
A construção da personagem ficcional: leitura, figuração e refiguração
por CARLOS REIS
Em “A construção da personagem ficcional: leitura, figuração e refiguração” procede-se a uma reflexão acerca de uma importante categoria da narrativa (a personagem) e da sua relevância no processo de leitura de textos ficcionais. Aquilo que aqui se designa como construção da personagem reporta-se não tanto à sua composição, no plano da escrita da narrativa, mas sobretudo à sua receção, no plano da leitura. O que neste está em causa é a ativação de mecanismos cognitivos em princípio baseados em experiências de leitura anteriores, por vezes com desenvolvimentos numa instância subsequente: a da refiguração. Dá-se atenção, neste caso, ao trajeto transliterário da personagem, em função de outros suportes e de outras linguagens, suscitando experiências de leitura que vão além do (suposto) projeto de construção autoral.